Carência.
Você tem uma carência dentro de você, que tenta esconder. Você não percebe que o quanto mais você esconde, maior ela fica. Faz questão de tornar ela algo escondido, se satisfaz em corpos que encontra pela avenida da vida, espera que isso resolva tudo, que isso cause espasmos de liberdade nessa prisão. Não percebe que a prisão está longe do seu corpo, longe do tátil. Está localizada bem perto do pulmão, do lado do coração, um pouco afastado da barriga, sua alma está carente. Você prefere correr, sem se aproximar de ninguém, falando a si mesmo silenciosamente que não existe carência; que você não precisa de ninguém. Você quer gritar isso, sua independência, como se fosse uma heroína, mas isso te corrói aos poucos, levando o que tem de belo para o fundo, o que de carapaça para fora. Você quis me assustar, eu não me movi. Eu nunca vou me mover. Você terá tantos quanto quiser que façam seu corpo e o tátil alegre, mas talvez poucos vejam o que eu vi. Veja o quanto no fundo da sua sombra exi...