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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Fantasma.

Respira fundo. 20 segundos. 20 malditos segundo e está tudo acabado. Ele está rindo, eu sei disso. Desde o dia que nos conhecemos, eu sabia que acabaria desse jeito. Ele me mataria, mas não desse jeito. Eu sempre contava meu medo de bombas explodindo enquanto o sangue se espalhava quase sem cor ao meu redor. Ele sabia. Quando nos conhecemos no ensino fundamental, ele não ria. As outras crianças riam ou pelo menos fingiam não saber o que estava acontecendo. Você sabia. Você quebrou as proteções dos computadores antes de ter 10 anos e soube. Você nunca aceitou o que estava acontecendo com a gente. Quando ambos fomos selecionados para a adoção por causa dos testes de inteligência, você não aceitou. Você queria ficar e ser morto. Eu me lembro das suas palavras: - A melhor forma de pessoas matarem milhões de outras é primeiro esconder. Ninguém mata sendo televisionada, você precisa isolar as pessoas. Você precisa fazer com que pensem que elas não têm almas. Que elas não merecem viver com

Coração.

Acordo na cama de hospital com o cheiro de alvejante me cercando. Percebo pouco a pouco que esse é um dos meus poucos momentos de lucidez. Devo aproveitar. É engraçado, mas eu pensei que perto da morte pensaria na mulher que sempre sonhei que era a mulher da minha vida; aquela que escapou. Felizmente, eu só consegui pensar em você e espero sinceramente que essas poucas palavras te lembrem de algo, nem que seja uma pequena sensação. A doença começou quando eu era jovem, e aos poucos eu sucumbi. Eu sabia que tudo era um paliativo. Os médicos nunca fizeram questão de fingir qualquer otimismo. Era uma questão de tempo. Eu respirava o ar como se fosse ser meu último suspiro. Eu era uma máquina colocada para funcionar. Os números na minha ficha não diziam nada que eu conseguisse ler. Os números diziam o tempo dos médicos; o momento que meu coração pararia de bater. Eu preferia meus números, que de tão perdidos, não sabiam nada sobre o rodar do mecanismo do meu corpo.