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Mostrando postagens de junho, 2011

Greg.

Todo monstro tem sua construção em algum lugar, e é uma ilusão pensar que ele nasce sozinho; o monstro é um caso do descaso do mundo. Era noite, e o detetive não conseguia parar de pensar nisso, ao ver os corpos estirados no chão. Duas mulheres mortas num restaurante, e ninguém tinha visto nada. O pior desse assassino era que ele limpava bem seus rastros, e sempre deixa algo escrito nas paredes: his non cede males, his non cede males, his non cede males. O simples ele não cede ao mal em latim, mas o que isso queria dizer? Havia algo por trás dessa mensagem que o arrepiava. Primeiro, as mortes não eram sexuais; era uma afirmação de poder. As mulheres tiveram sua garganta cortada com somente um corte: era um corte de iniciante, mas existia uma prática naquele tirar sangue, como se tivesse sido feito antes consigo mesmo, mas sem trabalho médico. O detetive começou a conversar com sua companheira: - O que você acha? - Não sei. Essa não é sua primeira morte. O lugar é de alto risco; as

Pedido.

Nunca será a estrela que será engulida pelo Burocra negro da rua, Perdidos no vão da Igreja, Se ao menos, Sua escolha for pela caixa aberta pela pobre Pandora. Dê uma chance ao que pode ser, Sabendo que não sabe o que é, Pela vida que sempre quis lhe pertencer.

Quebra.

Quebra a força de Heráclito, Aquele que diz que o Rio anda, Tudo permanece o mesmo, Imagino a foto, De um tempo que não existiu, O reflexo no espelho do Rio, De uma criança que secou o coração, Dizem que respire Conte um, dois, três, vintes, cem, ressoa a voz pelo corredor vazio, Bate no joelho com martelo, Lágrima da reação que não vem, Aquilo que descansa na eternidade, Hades ri como o vento no dia em que ele dizima populações Kamikazes cantam no céus Pelo deus sentado no trono Avisa que não é Deus, É só a ilusão que o tempo Afirma.

Insônia.

Insônia é morrer antes da hora, Viver um pesadelo constante, De estar no meio da sala sem roupa, De estar preso numa prisão, Tomando velha sopa, Cercado de sangue, A insônia mata o sonho, Que quer ar, Para poder matar os fantasmas, Brancos, pudicos, certos, Que assolam nossa pobre filosofia, Perguntando sobre sua vida, Afinal quando a morte vira vida, A vida é um retrato sem foto.

Verdade.

A verdade é a mentira recontada, Virada de avesso tanta vezes Que por pedido do universo Chamamos de ordem, O garoto inocente grita: mentira! Mãe, olha essa mentira! Ela é grande e feia, enche todo o mundo. Iguais somos, diferente respiramos, Escuta minha prece, Ela cresce do abismo entre eu e a vida. Que estupro é ser humano, Temos que ter razão, Verdade, Loucura, No mesmo barco, Sem entender que já Não faz sentido Fazer sentido.

Sozinho.

Eu acreditava na potência da lua, Nos deuses incas que protegiam a terra, Eu te vi, Estoura-se o céu no meu peito Vinte estrelas, Coberta da tristeza antecipada. Parei de acreditar nos demônios, Ilusões se formavam em mentes incoerentes, Mas eu te amava, Sem saber o significado dessa corrente, Do rio que nunca começava ou terminava. Finalmente disse adeus, Num gosto de café amargo e cigarro, Pedindo a deus sua cavalaria, Que elegante chegaria para me dizer Estamos todos sozinhos.