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Mostrando postagens de agosto, 2013

Jorge Luis Borges.

Borges disse ter encontrado a si mesmo em uma praça. Reconheceu-se nos erros do seu eu mesmo jovem e explicou como a cegueira viria a ser um lento entardecer, não queria assustar seu passado com seu futuro. Com palavras rígidas e materializadas, quis argumentar a utopia de um homem só cansado. Se essa utopia fosse possível, é porque no futuro existiriam somente indivíduos, se é que algo existisse. Sentado na cadeira de faculdade, um homem corpulento se aproxima, e se senta com olhos radicalmente sérios. Sua roupa é ridícula e sua fala parece se arrastar como se fosse um discurso proclamado, pergunto a ele seu nome: -Eu sou você. Se por um momento fico assustado, digo que isso não é possível. -Mas afinal, o que é possível nos dias de hoje? Enxergo por trás da barriga, uma possível explicação de quem seria aquele estranho senhor. Teria levantado, se não fosse por um pequeno aperto no meu braço: -Lembra de como você costumava pensar que toda a história do mundo vi

Congresso geral do Fracasso.

A menina senta na frente de um grande televisor. Está lendo os documentos da assembleia na França na época da revolução. Obcecada pelo seu processo, relembra mentalmente de tudo que poderia ser significante naqueles documentos. Coloca em pedaços uma história do que poderia ter acontecido. Se o rei não tivesse insistido em fechar qualquer discussão, se sua cabeça não tivesse sido decapitada, se a França fosse a Inglaterra. Revoluções em silêncio na cabeça dos tímidos. Pessoas obcecadas com outro tempo tem algo de volta a um período em que não éramos obrigados a viver no presente. É uma ideia recente que devemos viver o nosso próprio período; vários homens literatos trancados em seus castelos discordariam radicalmente da ideia que teríamos que viver nossa própria época. Penso aqui em Maquiavel se erguendo com vestes antigas implorando para ser escutado. No entanto, a realidade não responde aos nossos pedidos. No máximo, ela tenta nos fazer pedir. No momento de troca, nos vislumbra c