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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Tabuleiro.

Dois homens velhos jogavam xadrez no banco da praça, um deles usa roupas brancas e o outro usa roupas com tons escuros. Eles estão completamente envolvidos no jogo, não percebem as pessoas passando ao seu redor, ou mesmo o cachorro latindo na proximidade. Eles se encaram como inimigos eternos: nos mitos, a busca de um herói ia contra um deus, contra um inimigo; alguém que causasse completa destruição ao seu ser: -Então, eu quero aumentar as apostas- Disse o homem de roupa escura. - O que vai ser? Cansou de perder? Só existem infinitas possibilidades de você ser derrotado. - Dessa vez tenho um plano, que tal o mundo inteiro? - Qual as regras? - Nós não influenciamos diretamente, eles escolhem. -Gosto da idéia deles escolherem, o que você tem em mente? - Total liberdade, nós não atrapalhamos, só podemos influenciar. Eles no final escolhem para onde vão. -Ótimo, e qual a aposta final? -Suas almas. - O problema é que muitos nem acreditam em você. - Mas eu acredito neles. -E se você tiver e

Carta.

Carta ao responsável do distrito, Caro senhor ou senhora, devo fizer claramente que não sofro por antecipação. Não é de antecipar um futuro longíquo negativo que sofro, e sim por saber do passado revivido num futuro próximo. Sherlock Holmes, pessoalmente, me ensinou que as pessoas exprimem sinais acerca dos seus próximos movimentos, e que se eu prestasse atenção o suficiente poderia prever suas falas e atividades. Dessa forma, exprimo de maneira clara que meu sofrimento é por conhecimento a partir da visão clara de fatos e evidências. Senhor e senhora, afirmo mais e ainda digo que tomando a liberdade dos meus sentimentos, essa forma é de dizer que o que eu sinto tem alguma razão: a distância que se cria entre duas pessoa é criada na maioria dos casos por pura e simpes falta de sentimento. Infelizmente, como todos os pobres senhores sabem essa falta de sentimentos é ignorada por homens que tem o coração na mão; é um fato já sabido da nossa condição humana estudada pelos mais altos e

Teatro.

A perspectiva empregada neste relato é a da representação teatral. O palco apresenta coisas que são simulações. Presume-se que a vida apresenta coisas reais e, ás vezes, bem ensaiadas. Mais importante, talvez, é o fato de que no palco um ator se apresenta sob a máscara de um personagem para personagens projetados por outros atores. -São grotescos, mas não tem graça -comentou- Antes de tudo, ofendem. -Eu não me ofendo. As pessoas ficaram delicadas demais. Acho que todo velho se transforma numa caricatura. É de morrer de rir. -Ou de tristeza. -Tristeza? Por quê? Não será o medinho de entrar, você também no desfile? -Quem sabe você tenha razão. - No grande desfile de máscaras. Vidal concordou: -Cada um vai vestindo aos poucos suas fantasias. -Que no entanto não lhe cai muito bem- Prosseguiu Jimi, visivelmente estimulado pela colaboração do amigo.- Parece uma fantasia alugada. Sobra tecido. Um espetáculo cômico. -Horrível, Che. Tudo é humilhação. A gente se resigna a ser deficiente, como o

O mundo é mágico ou absolutamente nada.

Ele estava acordado na madrugada mais uma vez, o álcool havia tirado toda a energia do seu corpo. Não adiantava, qualquer coisa que ele pudesse dizer ou fazer não acabariam com aquilo: o mundo inteiro havia desaparecido, ele estava morto por dentro, era como se todo o mar e a natureza ao seu redor tivessem se tornado cinzas, e o mundo tivesse pela primeira vez parado de girar. Não havia astronomia que convencesse a pequena criança que o mundo mais uma vez giraria, e o adulto finalmente estava acabado; o céu cheio de estrelas se perdeu por um momento; uma brilhou mais do que as outras; ele viu parado e a admirou; até que o destino ou acaso resolveu apagar as luzes; o escuro dominou sua mente. - Eu quero um julgamento! A sala estava cheia de várias pessoas com o mesmo rosto, e o juiz tinha o rosto de um filosofo grego: - Silêncio no juri, a acusação tem direito a falas iniciais. - O juiz falou, enquanto o homem se transformava em criança e começava a falar. - O problema é que não posso a

Delirios bêbado 2.

Eu tinha que ir embora. Você sabia disso. Eu voltei, e você estava beijando ele e parou. Eu nunca vou te atrapalhar de ser feliz, mas você saber a que custo? Meu corpo inteira foi dilacerado, cada parte dele se sentiu quebrada, você não vê? Minha alma, meu corpo, minha vida ainda te ama. Como você esperava que eu pudesse ficar e atrapalhar você a beijar alguém? Um homem de verdade vai embora. Um homem não pensa em si mesmo, e na dor no peito que ele sente. Ele pensa nos outros, na sua felicidade. E isso custa muito, isso custa um peito quebrado que quer chorar, gritar e mostrar para o mundo como ele é injusto. Todos parecem ser felizes, menos você. Você viveu sua vida de forma que os outros fossem felizes, e você ficasse infeliz. Você deu sua felicidade por outros, você saiu daquele bar sabendo que isso faria com que ela beijasse loucamente aquele menino, e mesmo assim você foi embora. Porque? Você poderia ter ficado lá e atrapalhado, mas quem é você? Eu sou o homem que vai embora, eu