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Mostrando postagens de novembro, 2012

Azul.

Ela começa a olhar da mesa de bar o que está acontecendo: um homem insistentemente beija uma bela menina enquanto tenta convencê-la de deixá-lo subir em seu apartamento. A menina sorri muito como se tivesse acabado de conquistar seu mais simples sonho. Ela começa a pensar que nunca sentiu tal sentimento: seu mundo inteiro ganhando contornos novos por outra pessoa. Parecia excessivo. Parecia loucura. O homem insistentemente beijava a menina e pedia para subir na sua casa. A menina beijava mais, sorria, porém não cedia sobre seu apartamento. Não era um problema de moralidade sobre o deixar ele subir; era algo mais. Ela queria prolongar aquela extensão de felicidade inocente pelo maior tempo possível; deixar o mundo desaparecer por aquele singelo momento. A negação era, na verdade, um sim a todo um mundo metafórico de figuras românticas e clichês. A menina sentada no bar se perguntava, profundamente, porque ela nunca teve a capacidade do mesmo. O copo de cerveja secava cada vez mais

Infinito.

-Para de me apertar. -Não é minha culpa. O carro é pequeno. -Também, qual foi sua  ideia  de querer ficar aqui apertada comigo? -É porque eu gosto. De ficar aqui. Com você. Eu gosto muito de você, sabe. -Eu sei. -Não sabe. -Lógico que não sei. Você passa metade do tempo dificultado minha vida. Falando que não gosta de mim. Que nasceu para morrer sozinha. Você é bem complicadinha. -Fica calado um pouco, vai.              Ela começou a beijar ele. Tudo bem, eles estavam em um carro. Tenho que admitir que o romantismo ali não era excessivo a primeira vista. Um carro estacionado numa quadra qualquer, enquanto a chuva torrencial caia pela janela. Dois adolescentes se beijando. Tudo certo. Existe uma descrição aqui que tem que ser feita para que vocês possam acreditar em mim.              Existe uma quantidade imensa de dor que retemos ao longo da nossa vida. Ela fica crescendo com a maior quantidade de tempo que vivemos nesse mundo. Afinal, somos a soma

Criação.

Tenho direito de te culpar por esse mundo. Foram suas palavras que fundaram minhas metáforas. Você deu vazão ao que eu nunca havia conseguido dizer. As palavras escorreram de mim torrencialmente enquanto eu olhava nos seus olhos. Não fuja da sua culpa. Não diga que não é sua culpa o mundo metafórico em que eu vivo. Relendo suas palavras, vejo que sou um resultado da sua criação.              Não foi o seu silêncio que me ensinou a ser sozinho? Nem ao menos mais de vinte beijos você teve a coragem de me dar. Eu me lembro de lhe dizer que cada um deles havia me tirado toda a dor acumulada numa vida inteira. Relembro seus traços; seus sarcasmos. Será que você aprovaria quem eu me tornei? Eu fui além do seu pior pesadelo; tornei-me o rei da terra do nada. Agora não existem expectativas em mim. No entanto, não existe ninguém.              Seu sorriso. Eu não me lembro de mais nada. Do seu sorriso; recomponho todo seu rosto. Você ria quando eu dizia que nunca te esqueceria, porém t

Final feliz.

A criança alta era estranha. Ele tinha por volta de um metro e setenta centímetros. Ele andava olhando para o chão. Raramente falava. Poucas pessoas tiveram coragem de provoca-lo; todos se arrependeram. Ele era violento; irracional. Ele estava andando para a escola, até que ouviu um coro em uma igreja. Uma bela menina estava na primeira fila. Ele, com seus pobres doze anos, andou até a frente da igreja. Depois do coro, ele ficou na frente da menina mais bela do coro encarando o rosto daquela menina deslocada. Ela tinha olhos claros azuis, era silenciosa. Sua mãe havia morrido. Ela tinha doze anos, mas era já totalmente perdida. Ele disse: -Oi. -Oi-respondeu a menina. -Você cantou bem. -Obrigada. -Você pode sair daqui? -Não. Não posso falar com estranhos. -Eu não sou estranho. Estava ali na frente vendo você cantar. -Acho que tudo bem. Podemos sentar aqui. Os dois sentaram no banco da igreja, enquanto o padre e os pais conversavam: -Sabe, acho q