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Mostrando postagens de maio, 2012

Psycho.

Os dois se encontraram numa grande praça. Um pequeno café esperava pelos dois. Um dos homens era imenso e tinha grandes olhos penetrantes, enquanto o outro parecia uma reprodução de um pequeno duende das histórias. Era pequeno, extremamente magro e com cabelos de cor forte. A conversa começou num tom informal: -Olha, me explica o que aconteceu. A polícia vai ser generosa. - O homem pequeno disse num tom de pura amizade. -Sabe, se você conseguisse mentir um pouco melhor pelo menos.Você está suando. Sua pupila está  dilatada e você está tremendo. Não me insulte. -Como você sabe?              Os fios, o barulho, aquilo tudo parecia falso. Claro que ele sabia. -Já disse uma vez, eu sou dois homens diferentes. E você está lidando com o segundo.              Um barulho ensurdecedor enlouqueceu os policiais escondidos. Qualquer sinal que estava sendo recebido foi cortado. O plano havia sido um fracasso. -Eu te avisei. Sou só um simples homem que se preocupa com a

Não me pergunte mais.

Você me definiu há muito tempo. Uma peça. Dois personagens. Parece absurdamente simples. Um Acredita na verdade. O outro não. Parece uma peça com fim lógico. Mas afinal o que será que fomos que não uma peça milimetramente orquestrada? Penso cada vez mais no seu papel de questionadora: aquela que sempre destruía qualquer intenção de verdade ou validade. Aquela que sorria das crenças alheias. Será que não foi esse sorriso que eu lhe imputei? Na calada noite, talvez tenha sido eu com o meu sonho absurdo que lhe trouxe idéias tão tolas. Um dia você perguntou por que eu havia criado aquele personagem. Eu lhe disse que foi pela peça. Não foi você aquela que destruiu todas as crenças. Fui eu que te dei esse papel e você com tamanha maestria soube conquistar o papel. Você acreditou tanto naquele papel que fui eu que tive que defender o contrário: Eu construí um castelo em que tudo deveria ser a verdade,  o sentimento e  a certeza. Preguei as paredes com tudo que me ha

Diário das primeiras impressões na terra.

A memória é o elemento fundador do que se define como humano. A partir da memória construímos histórias sobre quem são nossos amigos, nossos pais e tudo que gira ao nosso redor. A memória cria a nossa essência: fora de um sentido platônico, viramos uma massa não definida de sentimentos alheios. Por isso, o humano pode não existir: no momento em que ele é esquecido, ele não existe.              O homem que estava na praça tinha sido abandonado pela sua memória mais bela. A menina, cujo nome eu não consigo lembrar, havia apagado sua memória. Sem fotos, mensagens ou qualquer outro tipo de coisa, ele havia sido apagado. Ele sempre imaginou que se pudesse pelo menos nela guardar seus sentimentos difusos, havia esperança para a sua existência. Mas no momento em que ela apagou-o de sua cabeça, sua existência tinha parado. O contrato da empresa para apagar suas lembranças havia sido feito: em nome de uma vida mais plena, desapegada de memórias que não faziam mais sentido. O fato de e