Psycho.
Os dois se encontraram numa grande praça. Um pequeno café esperava pelos dois. Um dos homens era imenso e tinha grandes olhos penetrantes, enquanto o outro parecia uma reprodução de um pequeno duende das histórias. Era pequeno, extremamente magro e com cabelos de cor forte. A conversa começou num tom informal:
-Olha, me
explica o que aconteceu. A polícia vai ser generosa. - O homem pequeno disse
num tom de pura amizade.
-Sabe, se
você conseguisse mentir um pouco melhor pelo menos.Você está suando. Sua
pupila está dilatada e você está tremendo. Não me insulte.
-Como você
sabe?
Os fios, o barulho, aquilo tudo
parecia falso. Claro que ele sabia.
-Já disse uma
vez, eu sou dois homens diferentes. E você está lidando com o segundo.
Um barulho ensurdecedor enlouqueceu
os policiais escondidos. Qualquer sinal que estava sendo recebido foi cortado.
O plano havia sido um fracasso.
-Eu te avisei.
Sou só um simples homem que se preocupa com a filha.
O sorriso dele invadiu a pequena
praça. Havia três silêncios naquele lugar: o primeiro era de uma praça vazia. O
segundo era dos policias que nada escutavam. Finalmente, o terceiro silêncio
estava dentro daquele homem imenso sem jeito. Esse é um relato sobre o terceiro
silêncio.
Um homem pequeno com longos cabelos
começava a falar com a polícia:
-Eu não sei
direito como começar essa história.
Os polícias pareciam confusos:
-Conte como
você sabe que foi Prometeu que drogou e enlouqueceu sua amiga e o amante dela.
-De novo, é
difícil. Você quer que eu comece com a história entre o Prometeu e a minha
amiga?
-Seria bom.
Vocês se conheceram na universidade.
Prometeu era jovem e havia escrito cartas e cartas para a bela menina. Até que
eu pedi que ele parasse. Por um momento, aquele imenso homem se assustou e
parou. Nunca mais mandou uma carta.
No mês seguinte, a menina havia convencido
um grupo de estudo que Prometeu participava a expulsar o imenso homem com a
desculpa que ele era estranho demais para aquele grupo. A raiva borbulhava de sangue no rosto daquele
homem. Foi assim que viramos amigos. Ele me contou sobre o seu plano: as fotos
do holocausto, a perseguição e o provavelmente enlouquecimento da minha pobre
amiga. Prometeu nessa época namorava e como mostra de bom senso simplesmente desistiu
da idéia de vingança. Ele dizia que o principio que todos têm acesso a um lugar
ou grupo de estudos públicos nunca deveria ser limitado por estranheza. Que
toda perseguição e massacre haviam começado com a simples proibição que algum
setor da sociedade parasse de freqüentar um local. Os judeus foram jogados nos
guetos, os deficientes mentais nas câmeras de gás e tudo seguindo a ordem de
exclusão e logo após a morte e o massacre de muitos. Mas tudo bem, Prometeu se
controlou.
Outra coisa que devo te contar é que
Prometeu se casou com a sua namorada e eles tiveram um belo filho. Aquela
mulher provavelmente era a única pessoa que conseguia me assustar como
Prometeu: a mistura de beleza e inteligência era absurda demais para ser real.
Tanto que logo após a primeira filha, a mulher havia tentado fugir com a filha
e o amante. Prometeu esperava no aeroporto no mesmo dia. Como ele sabia? Simples, o telefone havia sido grampeado. O amante não importava, agora a filha
nunca iria embora. A mulher gritava sem parar:
-Ela é minha
filha.
-Que nunca
vai sair de perto de mim, enquanto ela não puder se proteger.
-Você sabe
que ela é minha filha.
-E minha
filha também. E nada ou ninguém vai machucar ela. Ou tirar ela perto de mim
para outro país. Próxima vez que você tentar algo parecido, eu não serei tão
generoso.
Prometeu amava aquela mulher e não
havia tido nenhum problema em persegui-la, nem grampear o telefone da sua
própria mulher. Vocês têm que entender esse homem.
-O que isso
tem a ver com a prisão de Prometeu por enlouquecer seus dois amigos?
-Vocês têm
que entender o que ele é capaz de fazer. Mesmo tendo um vídeo com ele na hora
do crime, eu tenho certeza que ele particularmente tirou o tempo para torturar
meus dois amigos. O vídeo é falso, mesmo que pareça real. Vocês precisam acreditar
em mim.
-E qual seria
o motivo?
O motivo. A única razão porque
consigo olhar para você e ainda ter certo orgulho. Sua filha tem onze anos, mas
ela parece muito com a mãe. Da mesma forma, ela tem a sua inteligência e o seu
jeito de analisar as pessoas. Ela tem mais da mãe do que você pensa; existe
nela uma profundidade bizarra para uma criança de onze anos.
Tudo começou quando a filha de
Prometeu, Alice, viu meus amigos fazendo sexo na escola. O homem era casado,
logo minha melhor amiga não podia estar fazendo aquilo. A escola iria despedir
os dois. Alice contou o acontecido para o pai assim que chegou a casa. Prometeu
foi até a escola com a filha ao lado. Minha amiga tomou o susto da sua vida
quando viu aquele imenso homem chegando à escola. Os olhos dele tinham ficado
mais sombrios com o passar dos anos.
-Bem, espero
que vocês próprios se demitam e eu não tenha que fazer nada. - Prometeu disse
sorrindo.
-Mas sua
filha estava mentindo. - A minha amiga disse com firmeza.
Prometeu olhos para a sua filha e
perguntou silenciosamente:
-Você está
mentindo?
-Não.- Alice
respondeu com firmeza nos seus belos olhos claros.
-Bem, então
está aí sua resposta. Ela está dizendo a verdade. Eu conto para o conselho
escolar ou vocês podem fazer isso?
Os dois ficaram chocados com aquela
duas criaturas na sua sala. O homem imenso era assustador com seu terno e
crachá de um órgão de governo. Alice por sua vez era provavelmente a menina
mais assustadora da escola inteira. Sua sinceridade havia lhe custado uma fama
terrível na escola.
Os dois prometeram assustar Prometeu
para que ele não contasse. O homem tentou parar Prometeu depois do trabalho e
bater nele. Sinceramente, bater num homem de dois metros não é uma boa idéia.
Agora bater num homem de dois metros que sabe lutar artes marciais há vinte
anos é simplesmente a maior estupidez que você possa pensar. Como imaginado, a
surra que o amante da minha amiga levou foi o suficiente para fortalecer a
raiva de ambos.
Minha amiga era de uma sensibilidade
absurda. Ela tinha nome mítico: Perséfone. Ela achou que toda a culpa dos seus
problemas era daquele homem bizarro que ela havia expulsado de quase todos os
grupos da faculdade com uma idade reduzida. Agora, ela iria expulsar ele da
vida. Os dois contrataram um bandido para assustar prometeu. O tiro saiu pela
culatra. Agora vem o motivo.
O ladrão mal informado atacou a
pessoa no sofá. Era Alice. Uma sombra se moveu rapidamente atrás dele. Tudo que
ele conseguiu ver foi o sangue invadindo sua boca, enquanto sua faca era
enfiada na sua própria mão para que ele não se movesse. Preso pela mão a parede
com uma faca, o bandido urrava de dor. Prometeu chamou a ambulância com uma
imensa normalidade depois de checar os machucados da filha, enquanto ela
chorava. A filha não emitia nenhuma palavra, somente chorava. Prometeu levou o
bandido para o outro quarto. Bem, ele tinha algumas perguntas. Elas seriam
respondidas. Com ou sem tortura, realmente importa?
A filha estava bem machucada, mas os
primeiros socorros feitos pelo pai tinha sido suficiente para os médicos que
chegaram. Prometeu sabia que havia sido Perséfone
a mandar o bandido. A primeira coisa que vocês têm que lembrar é que havia um
plano na adolescência. Prometeu conhecia tudo sobre a casa da minha amiga. Ele
entrou na casa da minha amiga e espalhou sangue nas paredes: VOCÊ NÃO CAÇA
MONSTRO, MONSTRO CAÇA VOCÊ. Claro que a câmera do hospital vai dizer que ele
estava do lado da filha, mas qualquer um sabe que ele saiu assim que soube que
ela estava bem. Prometeu era um homem pronto para a guerra, e minha amiga havia
se metido com a pessoa errada.
Antes de sair do hospital, Alice
disse poucas palavras:
-Estou bem,
pai. Para de chorar. Você me salvou. Promete uma coisa.
-Prometo.
-Não seja
pego.
Percebam as palavras da menina de
onze anos. Não seja pego. Ela não disse não faça nada. Ela não disse pare com a
raiva, pai. Vingança é besteira. Ela disse com todas as letras:
N-Ã-O-S-E-J-A-P-E-G-O.
Ele não seria.
O resto me parece confuso. Vocês
falaram que encontraram todo tipo de drogas nos organismos dos meus amigos. O
que posso dizer é que eles sempre usaram maconha, mas nunca qualquer outro tipo
de droga. Os pontos de agulha no braço só podem ser de uma tortura usada por
Prometeu. Não sei como ele falsificou o vídeo ou como convenceu vocês que ele
era inocente. Agora se tenho uma certeza é que ele teve imenso prazer em fazer
o que ele fez.
Ele tirou o terno. Ele tirou a
gravata. Gradativamente, o véu de humanidade nos seus olhos estava sendo
retirado.
-Bem, bom dia
aos dois.
Os dois olharam assustados. Estavam
amarrados em cadeiras diferentes.
-Não se preocupem.
Temos um belo dia bela frente. A morte é algo bom demais para alguém que
machucou minha filha, além de ser algo muito pesado. Sou um homem sensato.
Ele tirou agulhas de uma bolsa.
-Sabem? Na
china antiga, os imperadores costumavam mandar especialistas sobre o corpo para
torturarem seus inimigos. É algo antigo e pouco conhecido. Felizmente, sou um
dos poucos que controla esse belo saber.
A dor era incrível, os dois urravam
de dor. Prometeu era mais generoso com o amante. Minha amiga estava levando o
pior.
-Bem. Agora
que fomos introduzidos. A segunda parte é importante: Vocês receberam um
coquetel de drogas especialmente feito para fazer vocês viajarem para outra
realidade. Vocês vão estar no limiar da vida. Provavelmente enlouqueceram. Bem,
eu voltei. Espero que vocês voltem.
O corpo do Prometeu estava envolto
de machucados de agulhas e coisas piores.
-Boa viagem,
amigos.
É assim pelo menos que eu imagino.
Ele sorria. Naquele mesmo dia, por falta de provas Prometeu foi libertado. Ele
e sua filha deram as mãos enquanto saiam da pequena praça. O pequeno homem
estava assustado. Eu não sabia o que fazer. Antes de sair, Prometeu deu um belo
sorriso. Havia três silêncios naquela praça. O meu silêncio assustado. O
silêncio de dois amigos que residiam agora no manicômio. O terceiro silêncio
era de um pai e uma filha de mãos dadas avançando praça a frente.
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