Folha em branco.
O homem sentou-se à mesa do advogando esperando os papéis assinados do divórcio. Lentamente, começou a elaborar os últimos anos da sua vida desejando que tudo pudesse ser reescrito. Ele não entendeu quando aquilo aconteceu: a pessoa com quem ele convivia todos os dias não sabia nem ao menos seu estado mental. Ela não sabia que fazia anos que sua mente não era à mesma, ele não sabia mais organizar os lampejos de sanidade que lhe eram dados. Sorria entendendo que não haveria volta, mas mesmo assim se colocou a escrever um papel impossível. Quis primeiro criar um papel branco em que houvesse um começo e um fim. Sem nenhuma incoerência ou falha lógica; círculos perfeitos de beleza. Uma harmonia tão grande de forma que se decompõe em risos de crianças alegres no parque. Uma frase tão simples que poderia deixar bobo o mais experiente dos poetas. Sabia de cor todos o...