Não foi suficiente.
-Não foi suficiente.
-Como você pode dizer isso?
-Simples, não podemos derrotá-lo.
- Claro que podemos.
- O nome é insegurança. Foi assim que ele dominou o mundo inteiro.
- Por meio de insegurança?
- Ele explorou as dúvidas, ele nem precisava estar lá. Só precisava ter dado uma escolha, uma figura.
- Você está brincando que toda sua força reside nisso.
- Num lugar onde ninguém se entende, um que queira entender é tudo.
- Pare de falar em enigmas.
- Vivemos num mundo incerto e inseguro, onde nossas certezas morreram por terra, sabemos que somos indivíduos, e somente isso. Nós temos nossas preocupações, e somente elas. A sociedade morreu.
- Você realmente não acredita nisso.
- Claro que não. Eu acredito que vemos sinais dessa quebra em todo lugar, de pessoas desesperadas procurando sentido.
-Então temos uma chance?
- Claro que temos, uma chance sempre teremos.
- Qual?
- Que vejamos que não podemos ser livres num mundo preso.
-Preso pelo que?
- Presos por nossos medos e nossos egoísmos.
- Seja claro.
-Estamos presos dentro de nós mesmos, e assim, morreremos.
- Fatídico demais, não acha?
- Eu acho que perdemos a coragem verdadeira a muito tempo atrás.
- Coragem?
- A força do não egoísmo que representou todo grande homem da humanidade, a necessidade de fazer a todos livres, e não somente a si mesmo, a coragem de vulnerabilidade, a coragem de ter um mundo todo em suas mãos, e abandonar tudo isso.
Esquecemos que dividimos o mundo com outras pessoas que respiram, que vivem seus dias ao nosso lado, mesmo que extremamente separados. O nós morreu, junto com os sonhos mais utópicos.
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