Presente.

Entreguei o presente entrelaçado num laço azul, sem propósito que escondia o que ele realmente queria dizer: amor, quase amor, nunca alcançado amor. Gritava nas quinas do retângulo, aves de papel, recheadas de filmes italianos, que choravam a pobre tristeza, não se ter o que quer, para que tamanho drama? Para que tamanha briga? Não vivemos numa novela mexicana, onde o enredo se encaixa para que o grito e espanto cheguem ao espectador. O problema é que o grito e o espanto vivem no coração do espectador não visto, da palavra não dita, do corredor vazio. Não me alongarei na tristeza, essa já tem seu lugar reservado na parte de mim que concerne a você. Alongar-me-ei em tirar felicidade do que não deu certo, do que vai ser, ou pode ser. O que seria de um autor sem desespero, de um poeta sem dor, a criação se cria no levantar do herói do enredo, mesmo que o enredo e o herói sejam fictícios, e nós feitos de sangue e ossos.

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