O homem sem rosto.

-Bom dia. - Ela colocou o café da manhã no seu colo: torradas, suco de laranja e bolo.

- Obrigado, amor. - Ele sorriu enquanto a beijava calmamente.

Um rumor foi colocado pela imprensa e na boca dos políticos. Um homem na inteligência brasileira começou a caçar os principais esquemas de corrupção, um por um. Ninguém teve chance, as lendas contam que ele é inflexível e provavelmente o melhor planejador desse século. Drogas, corrupção, tráfico de mulheres, tudo começou a decair lentamente no país. Vários homens estavam desesperados, como poderiam sobreviver sem acabar com a vida de outros. Havia algo de assustador em lutar contra um homem sem identidade, e que ninguém nunca tivesse visto. Na própria inteligência, nenhum agente sabia quem era o seu chefe.

- Ele vai morrer, o veneno vai fazer efeito em pouco tempo. - Ela falou quase sussurrando no celular.
-Ele não tinha mais informações, era um pobre sem ninguém. - Um homem com a voz firme respondeu do outro lado da linha.

- Uma pena, ele era um homem generoso.

Ele levantou, tinha por volta de dois metros e tinha sido treinado em diferentes artes. Ele estava sorrindo, e cantarolando uma música dos beach boys. Pegou sua escova de dente, e começou a dançar na frente do espelho. Ele era um homem apaixonado, e a mulher da sua vida tinha acabado de servir o café da manhã na cama, havia mais algo a se pedir? Falam que fomos feitos a partir das máscaras, desde os tempos antigos, e que não podemos diferenciar nosso rosto da fantasia.

Ela estava sorrindo, quando resolveu dizer:

-Eu peço desculpas por ter te matado.

- Engraçado, você não prestou atenção.

- O quê?- Ela falou isso, enquanto apagava no chão.

Quando ela acordou, estava algemada a cama dos dois. Eles tinham passado um ano juntos, e ela nunca tinha percebido nada. Ele era completamente apaixonado por seus olhos claros, seu jeito de bailarina, e seu sorriso que nunca havia falhado. Ele começou a falar:

- O problema foi nos detalhes, você sabia demais sobre mim.

- Ninguém sabia da minha missão.

- Para quem você trabalha? Quem era aquela voz no celular?

-Nunca vou te falar, nem que você me mate.

- Que bom, porque você vai morrer dentro de minutos. O veneno que você usou para me matar está no seu sistema. Chame de justiça divina.

- Quem é você?

- Um agente da inteligência do Brasil.

- Você é um dos menos conhecidos, no crime falam que você é o secretário da inteligência. Só serve para burocracia.

- Vocês não prestaram atenção.

- O que você quer dizer com isso?

- Eu sou o chefe da inteligência, meu nome nunca foi Gregório. Esse é o nome do meu filho que foi morto junto com a minha mulher. Meu nome é Fernando.

- E esse é nosso último adeus, olhos claros. Nunca mais mandem mulheres parecidas com ela, vocês me irritaram para valer. - Ele estava chorando, e a mulher caiu morta no chão do apartamento de ambos.

O telefone tocou, era mais de meia-noite:

- O serviço está terminado?

- Está- Ele atendeu, era uma voz firme, precisa e que no fundo apresentava raiva.

- Onde ela está?

- Morta.

- Você vai pagar por isso, você vai ser morto.

- Ameaças fortes para alguém que tem a casa cercada de policiais. Eles vão atirar para matar, você sabia disso, certo?

- Quem é você?

- Você não lembra mesmo? O que chorava sem parar? O que prometeu te caçar até você não ser nada?

- Não é possível, nós te matamos, eu joguei seu corpo no mar.

- Peixe que é bom acaba nadando contra a corrente.

- As mesmas expressões idiotas.

- Você a matou, era meu filho. Não me importo de você ser o maior traficante e advogado do país, e ser o ex-marido dela. Você a matou. Você tirou a razão do meu mundo girar, a farsa da existência acabou.

-Como você chegou até a chefia?

- Eles me contrataram, quando com vinte anos eu peguei todos seus homens envolvidos no assassinato e os matei um por um.

- E agora?

- Agora, você morre.

A policia invadiu a casa do advogado César ás 1 da manhã de uma segunda-feira, ele ficou assustado e começou a atirar, como reação a policia acabou por matar a ilustre personalidade. Isso foi o anotado no relatório pelo homem alto, de dois metros, o secretario da inteligência. Falam que existe alguém caçando o mal dentro da sociedade, parte por parte, como um serial killer que não vai parar. Falam que esse homem tem uma filha, e seu nome é Sophia. Falam que ele nunca vai parar, e não vai ser descoberto. Ele é uma imagem, ele é uma possibilidade de um mundo melhor. Ao mesmo tempo, ele é um assassino frio e calculista que não acredita mais em ninguém. Falam que ele é humano, demasiadamente humano.

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