Dezembro de 1998.
O menino mais alto continuava de pijama: shorts azuis e camiseta branca. O menino mais baixo, irmão mais novo, usava o mesmo short azul. Os dois tinham sido deixados sozinhos em casa. O mais velho de oito anos, tinha que cuidar daquela coisa energética de 6 anos. Ele pulava, gritava, girava, não deixando o pobre irmão mais velho com paz. O irmão mais velho tentava acabar com o estilo do mais novo, que tinha acabado de aprender ótimos movimentos de kung-fu num filme japonês. Seguindo a bom e velho ditado popular se você não pode vencê-los, una-se a eles. O mais velho e mais novo começaram a soltar movimentos aleatórios de corpo que simplesmente pareciam uma luta de duas garças drogadas com LSD. Nada podia ser mais belo, que a idiotice de dois garotos, que rapidamente virariam dois homens; que continuariam parecendo duas garças drogadas; que continuariam olhando um para o outro como os dois estranhos no ninho: os que tinham os melhores movimentos.
O mais velho, Fernando, sempre belo e elegante socava o armário, o que se tornou um hábito até em idades depois: bater contra paredes, que para outros pareciam intransponíveis. O mais novo mostrava seu charme, numa posição digna de um mestre budista, comprovando que aquele seria seu hábito: querer parecer bonito, sendo na verdade bom. Os dois estavam de costas, mas nunca se deixaram de lado, mesmo quando velhos adolescentes dançando em quartos fechados como duas garças malucas. Talvez a fraternidade fosse isso, duas pessoas querendo o melhor para si e para o outro; compartilhando da vida, nos seus pormenores, e nos seus pormaiores; sempre sem se esquecer um do outro. Isso falta entre as pessoas: perceber que a fraternidade ainda serve para alguma coisa. Serve para que todos percebam que não existimos sozinhos, que não é sozinho que o mundo se faz. Dançar juntos parecendo animais podia libertar a humanidade, desde que ela percebesse que ela existe e não é uma invenção de filósofos bêbados. Que o fato de estarmos dividindo um planeta significa alguma coisa, significa que estamos fadados a viver em sociedade, e se estamos fadados digo para fazermos o melhor possível: fraternidade.
O mais velho, Fernando, sempre belo e elegante socava o armário, o que se tornou um hábito até em idades depois: bater contra paredes, que para outros pareciam intransponíveis. O mais novo mostrava seu charme, numa posição digna de um mestre budista, comprovando que aquele seria seu hábito: querer parecer bonito, sendo na verdade bom. Os dois estavam de costas, mas nunca se deixaram de lado, mesmo quando velhos adolescentes dançando em quartos fechados como duas garças malucas. Talvez a fraternidade fosse isso, duas pessoas querendo o melhor para si e para o outro; compartilhando da vida, nos seus pormenores, e nos seus pormaiores; sempre sem se esquecer um do outro. Isso falta entre as pessoas: perceber que a fraternidade ainda serve para alguma coisa. Serve para que todos percebam que não existimos sozinhos, que não é sozinho que o mundo se faz. Dançar juntos parecendo animais podia libertar a humanidade, desde que ela percebesse que ela existe e não é uma invenção de filósofos bêbados. Que o fato de estarmos dividindo um planeta significa alguma coisa, significa que estamos fadados a viver em sociedade, e se estamos fadados digo para fazermos o melhor possível: fraternidade.
Comentários
Postar um comentário