O matemático.
Ele era matemático. Vivia de calcular o que os outros ganhavam ou perdiam na bolsa de valores. Ele usava um terno. Ninguém duvidava da sua respeitabilidade. Vivia sozinho numa casa extremamente organizada; tudo ficava no seu lugar próprio. Ele contava as voltas do relógio obsessivamente até seu trabalho chegar. Ele chegava ao escritório e dizia sempre as mesmas palavras: - Bom dia, João. -Bom dia, senhor. Senhor. Era essa palavra que ele inspirava nas outras pessoas. Parou de falar aos 10 anos, quando descobriu que a comunicação de si mesmo era impossível. Afinal se somente podemos ter projeções das outras pessoas, ele queria fazer uma piada; ele não teria nada já que tudo são somente projeções e imagens. Quando ele chegou a essa conclusão, estava andando pelas ruas escuras. Era meia-noite. Ele olhou o reflexo da lua andando pelos prédios, e como essa imagem mudava a partir do azulejo que era refletido. Ele achou aquilo à coisa mais bonita que ele tinha vis...