Jorge Luis Borges.
Borges disse ter encontrado a si mesmo em uma praça. Reconheceu-se nos erros do seu eu mesmo jovem e explicou como a cegueira viria a ser um lento entardecer, não queria assustar seu passado com seu futuro. Com palavras rígidas e materializadas, quis argumentar a utopia de um homem só cansado. Se essa utopia fosse possível, é porque no futuro existiriam somente indivíduos, se é que algo existisse. Sentado na cadeira de faculdade, um homem corpulento se aproxima, e se senta com olhos radicalmente sérios. Sua roupa é ridícula e sua fala parece se arrastar como se fosse um discurso proclamado, pergunto a ele seu nome: -Eu sou você. Se por um momento fico assustado, digo que isso não é possível. -Mas afinal, o que é possível nos dias de hoje? Enxergo por trás da barriga, uma possível explicação de quem seria aquele estranho senhor. Teria levantado, se não fosse por um pequeno aperto no meu braço: -Lembra de como você costumava pensar que toda a história do mundo vi...